Ontem acordei, meio anciosa pois meu amore tava voltando prá casa. Me levantei e já sai arrumando as coisas, tentando deixar tudo limpo e organizado.
Enchi mais uns balões, escrevi uma carta-bilhete, deixei alguns presentes em cima da cama e a chave na portinhola do correio e fui trabalhar com uma vontade louca de ficar em casa esperando por ele.A medida que o tempo ia passando e eu ia tentando acompanhar os passos dele de cabeça...
14h - Deve estar em Paris
15h30m - Tá entrando no avião que vem para Zurique
17h - Chegou na Suiça, daqui a pouco pega as malas e segue para Sevelen...
19h30 - Já deve ter chegado. Será que chegou?
Por volta das 20h30m o Popolo (chefinho) me chama: - Telefone prá ti!
Gozação do pessoal em volta "Hum... Viel Liebe" "Schatz in Haus"...
Falo um pouco com o Valdir, coisas banais: - Como foram de viagem? Tá tudo bem? Problemas na alfandêga? Resumindo, foi tudo bem, estamos cansados, o Luiz tá aqui, vou fazer um grill prá gente, não vou te buscar na empresa e qual é o número para ligar para o Brasil?
Nossa! Acho que gelei! Näao duvidaria se nesse minuto meu coração desacelerou. Falei o número e já sem vontade de continuar falando dei tchau e desliguei.Lá fui eu prá máquina com a minha cabeça girando a 360 por hora. Os pensamentos piores começaram a surgir e dentro de mim brotava uma vontade louca de chorar e sumir.
Ora bolas... o cara passa 3 semanas extras longe de mim. Eu passei esses dias todods pensando nele e providênciando de tudo para deixar as coisas a contento do Sr. Valdir e da Marieli e tudo o que eu ganho é uma ligação disfarçada com o único interesse de saber qual era o número para ligar para o Brasil???? Era prá isso que eu servia? Eu era muito estúpida mesmo... se ele tivesse o número que precisava com certeza não teria nem ligado para dizer que tava tudo bem.
Eu tava tão decepcionada, tão braba... ainda tinha que me controlar por no mínimo 2 horas.
Pensei em mil e uma maneiras de enfrentar isso mas não teve outro jeito a não ser fazer o que faço quando estou braba... Não quero ver, nem falar com ninguém...
Sai da firma chorando e rumei ao meu destino, fosse o que fosse eu já me sentia péssima, prá lá de humilhada e infeliz.
Justo naquele dia!! Eu pensei que seria tão diferente... Pensei que por volta das 22h15m ia ver ele e a Mari lá na firma, era uma oportunidade prá ela ver uma fábrica suíça... todos colegas viriam perto dele cumprimenta-lo, ele apresentaria a filha a seus ex-colegas e depois voltaríamos juntos para casa onde entre uma história e outra estaríamos desfazendo as malas e guardando o que dava.
Mas o enredo foi bem outro:
Não queria encarar o Valdir, vê-lo bem e feliz me mostraria o quão pateta eu sou. Um deboche ao meu empenho. Mas tava tão frio e eu só comum moletom (tinha deixado o casaco em casa pois pensava que voltaria de carro). Não tive escolha... tinha que voltar para casa.
Abri a porta e entrei direto pro quarto, acho que cheguei a dizer um oi! Peguqi o telefone e liguei para casa (queria cumprimentar neu Papito que tava de aniversário). Demorou uns minutos para o Valdir entrar no quarto de roupão, com os braços cruzados no peito e cara de mau. Perguntou o que eu tava fazendo, e eu disse: - Ligando prá casa?
- Por quê? - ele me perguntou secamente.
- Porque é aniversário do meu Pai. - respondi meio cética do que estava ouvindo (ora se eu tenho que ter motivo prá ligara para minha família) e sóaí encarei ele.
Daí em diante eu não sei narrar o que aconteceu pois só havia silêncio. Até por volta das 00:30 quando o Valdir se virou para a Marieli dizendo que ia dormir. Era a deixa que eu precisava para me isolar num canto com ele e conversar ou discutir (nessas horas não se sabe o que vai acontecer).
Fomos para o nosso quarto e começamos a falar do acontecido. Ele com sua versão da história, eu com a minha. Ambos tentando esclarecer as coisas e tentando colocar um ou outro naquela situação. Depois de tudo falado pedi prá ele um beijo prá encerrar aquela história. A resposta dele foi: - Só depois que você for pedir desculpas prá Marieli. Mandei ele longe e sai do quarto.
Sem ele saber, fui conversar com a Marieli. Não porque ele tinha dito que eu devia fazer mas porque eu achava que devia explicar prá ela o porque do meu comportamento. E lá fui eu conversar com ela.Voltei para o quarto já era passado das 2h, o Valdir, obviamente dormindo.
Hoje de manhã não nos falamos por alguns minutos, até ele vir até mim e me dar o tal beijo.
Agora parece que tá tudo bem e esclarecido, mas eu aprendi uma lição importante. Não vou ser mais cadela de ninguém nem de quem eu amo...
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