domingo, 6 de julho de 2008

Metade de mim

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas
como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
a uma mulher inundada de sentimento.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que o medo da solidão se afaste,
que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável
Que o espelho reflicta em meu rosto um doce sorriso
que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer acalmar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba,
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço,
Que essa tensão do que desejo por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso
e a outra metade é um vulcão.

Porque metade de mim é a plateia, é poesia
e a outra metade, é a canção de palavras e de sentimentos
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor
e a outra metade...
Também

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