sábado, 22 de maio de 2010

A vida é da cor que a gente pinta!

Respire fundo antes de ler essa matéria porque ela vai dizer, na lata, que nós temos uma parcela muito, mas muito grande de responsabilidade sobre o que acontece nas nossas próprias vidas. Ou seja: vamos parar de culpar os outros e mudar já!
by Gisela Rao

No polêmico documentário Quem somos nós? (What the bleep do we know?), Joe Dispenza, pós-graduado em Psicologia e em Neuroquímica, dá uma bronca na gente quando questiona: “Por que continuamos tendo os mesmos pensamentos negativos, os relacionamentos e empregos de sempre, mesmo quando nos fazem infelizes?” Pois é, boa pergunta, e quem responde é Flavio Carvallho Ferraz, doutor em Psicologia e membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. “Quando a pessoa começa a destruir a sua vida com crenças contínuas como – ‘Não sou merecedora’ – ou coisa do gênero, podemos considerar isso uma patologia, um distúrbio na auto-estima, uma tendência a depressão melancólica. É a questão emocional interferindo na realidade. E a fonte disso pode vir de uma infância desestruturada onde, por exemplo, a mãe dava mais presentes para a irmã do que para ela”, afirma. Segundo Ferraz, o que essa pessoa deve perguntar-se é: qual a minha participação nas desgraças que acontecem na minha vida? “Freud chamava isso de neurose do destino”, conclui o psicanalista.

Em Quem somos nós?, Joe Dispenza vai mais longe dizendo que, quando repetimos muito os pensamentos negativos, nossa rede de neurônios manda mensagens para nossas células diariamente e acabamos viciados neles, ou seja: se todo dia você acorda e fica irritada, sua tendência é acostumar-se com essa terrível condição. Isso vale para tristeza, frustração, raiva, ansiedade e até para a obsessão por sexo. “Quando perceber que está tendo um pensamento desses que emperram sua vida, interrompa imediatamente para se perguntar qual a origem dessa crença. Você deve alterar esse padrão. Se mudar seus conceitos, acredite: você transforma até as pessoas que estão a sua volta”, Dispenza dá a dica. Sim, ele tem razão, como diz Caetano Veloso: “Gente é para viver, gente é para ser feliz”. Por isso: abandone esse corpo, em nome de Deus, porque esses pensamentos, amiga, não te pertencem!

O OUTRO LADO DA MOEDA TAMBÉM É COMPLICADO

Arthur Shaker é doutor em antropologia e explicou à revista UMA que ter uma expectativa muito grande sobre si mesma, uma auto-imagem sem lastro e distorcida da realidade, também pode ser muito prejudicial à saúde. “Talvez tenha sido esse o problema da seleção brasileira na última Copa do Mundo. Eles projetaram demais o super-herói para si mesmos e não conseguiram bancar. E nós também prolongamos esse exagero neles e depois ficamos frustrados. O filósofo francês Leloup já alertava para essa necessidade que temos de projetar nossas expectativas no outro, de criar ídolos que perdem suas identidades e acabam sendo manipulados pelo mundo”, salienta. Para Shaker, quando esses ídolos falham, o resultado é desastroso para todos os lados e o tombo é muito feio. “É bom rever se você não está fazendo isso com alguém próximo, ou pior: com você mesma. Essa atitude é fruto de uma ambição, de uma megalomania que, às vezes, é pressão da própria sociedade. Talvez seja melhor trocar essa ganância por compaixão. Reconstrua seus valores”, aconselha Shaker.

ANTÍDOTO PARA O VENENO

UMA pediu a algumas leitoras que enviassem uma listinha com os pensamentos que mais empatam suas vidas e choveram e-mails na redação. Provavelmente, você vai se identificar com muitos deles. Para ajudar a mostrar o antídoto para esses venenos invisíveis, procuramos Lair Ribeiro, médico, especialista em neurolingüística pela Harvard University e autor dos best-sellers Prosperidade, O sucesso não ocorre por acaso e Emagreça comendo. Confira!

“Não sou merecedora”

ANTÍDOTO: “Esse é um problema muito sério porque por mais que as coisas boas cheguem até você (amor, dinheiro, sucesso, prêmios), a auto-sabotagem dará um jeito de perder tudo. E você já deve ter vivenciado bastante o que estou dizendo. É realmente triste. Esse tipo de veneno é muito comum principalmente no campo financeiro porque ouvíamos, por exemplo, nosso pai ou mãe dizer: “Dinheiro é sujo”, “dinheiro não traz felicidade”, “é mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha do que um rico ir para o reino dos céus” ou “é melhor ser pobre honesto do que rico desonesto”. Aí, a criança vira adulta e acha que, se ganhar dinheiro, é desonesta, vai se sujar, vai ficar infeliz ou virar pecadora. Você precisa entender que merece todas as coisas sim, porque o sol nasce para todos. Somos todos (sem exceção) filhos de Deus e estamos nesse mundo para ter o melhor. Pare também de achar que não dá para ter tudo na vida. Dá sim, e tem muita gente que é a prova disso”.

“Eu não sou boa o bastante”

ANTÍDOTO: “Aqui, é preciso compreender o que é “piso” para você, é “teto” para a outra. Ou seja: ninguém é talentoso em tudo. Você pode cantar bem, tocar bem um instrumento, ser boa arquiteta, mas dançar muito mal. E qual é o problema? Querer ser perfeita em tudo é um passo para a baixa auto-estima e para a infelicidade. Olhe para os lados e veja se algum amigo ou amiga sua perfeccionista está feliz. Para manter a autoconfiança é preciso respeitar a própria limitação e observar os seus talentos. Vale a máxima: “Não é você o patinho feio, a lagoa é que está errada”. Descubra o que você gosta de fazer e o que faz bem. Depois, concentre-se nessas qualidades, sem deixar que os seus “defeitos” comecem a interferir na sua vida. Já está na hora de olharmos mais para as nossas qualidades e para as qualidades das outras pessoas, principalmente na questão do corpo, uma verdadeira tormenta para as mulheres.”

“Minha vida é uma droga”

ANTÍDOTO: “Muito, mas muito cuidado com as palavras porque são elas que criam a realidade. As palavras são como o capitão do navio na sua vida, e indicam a direção do seu futuro. Relacionar a sua vida com esse substantivo – droga – é uma das piores coisas que pode fazer contra você. Será que está mesmo tão ruim assim? Já tentou analisar as dádivas que recebe e nem se dá conta porque está perdendo seu tempo praguejando e só vendo o lado ruim das coisas (que talvez você mesma esteja atraindo). Vou fazer uma pergunta: você se trata como trata a sua melhor amiga? Aposto que não. Aliás, eu tenho a certeza de que a resposta é negativa. Será que se a tratasse mal assim, ela continuaria sendo a sua melhor amiga? Também acho que a resposta é um sonoro não! Muitas vezes é preciso ser a observadora de si mesma, das suas atitudes, dos seus pensamentos. Sair do degrau onde você está para subir mais um. Assim, as coisas ficarão bem mais claras. Se não conseguir, peça ajuda.”

“Nunca vou ser alguém”

ANTÍDOTO: “Essa é mais uma crença negativa que cria uma expectativa falsa sobre você mesma. Conheci tantas pessoas com um super potencial, mas que não chegaram a lugar nenhum por causa de ervas daninhas como essa. Chega a ser assustador. E o pior é que, com esse pensamento, você pode se preparar para atrair mesmo uma série de fracassos em todos os campos em que você olhar. Lembre-se que as crenças não são feitas de aço e sim de linguagem, e você pode mudá-las no momento em que se dá conta disso como, por exemplo, lendo essa matéria. Sim, pare tudo o que está fazendo para absorver essa mensagem porque, a partir de agora, seu destino está em suas mãos. Veja: se você falou essa frase – ‘Nunca vou ser ninguém’ – alguma vez ou se a ouviu dos seus pais na infância ou dos seus professores, não quer dizer que ela seja verdadeira. E não é mesmo! Você ouviu bem? Não é mesmo!”

“Sou o patinho feio”

ANTÍDOTO: “Esse conceito está mais ligado ao interior que ao exterior da pessoa. Também é algo que ela carrega desde a infância provavelmente por não ser ou não achar que fosse tão bonita quanto suas irmãs ou primas. Quem pensa assim não adianta fazer plástica com o melhor cirurgião do mundo, nem ouvir todos os elogios do planeta porque não vai deixar de achar que é feia. Esse é o seu caso? Então, você precisa aprender imediatamente a valorizar seus outros pontos fortes e a evitar a todo custo a comparação (“ela é mais bonita, ela é mais rica, é mais influente, seu corpo é mais perfeito…”). Saia dessa prisão! Muita gente tem essa mania de se comparar com os outros desde o jardim da infância. Aí não tem auto-estima que agüente. Dá para entender porque tem tantas pessoas infelizes no mundo e gastando tubos com a estética. Se quer se comparar, faça isso com você mesma e não com os outros. Supere-se a cada dia, a cada minuto, sem stress. Você vai ver os bons resultados.”

“Minhas relações nunca dão certo”

ANTÍDOTO: “Relacionamento é uma espécie de norma, quase sempre é visto como um substantivo. E as pessoas têm o vício de colocar a relação dentro de um balde: parece que não estão interagindo com outra pessoa e sim com uma coisa. Essa é mais uma das frases que vivo ouvindo e, quanto mais a pessoa repete, mais seus relacionamentos vão dar errado. Se você acha que as suas relações não deram certo, pegue uma caneta e faça uma lista com as três características que acha não terem sido boas durante o tempo em que estava com seus parceiros. Depois, escreva as três que foram muito gostosas na relação. Aí você já terá uma pista de começar a dar atenção para o que foi ruim e melhorar. Relação amorosa é como aquele slogan do comercial: tem de ser gostosa como a vida deve ser. Essa história de viver relações infelizes não dá ibope nem na novela das oito. Saia dessa e seja feliz! Você merece.”

“Não consigo guardar dinheiro”

ANTÍDOTO: “Os brasileiros (principalmente as brasileiras) têm essa tendência de gastar mais do que ganham. Isso é uma tragédia porque faz as pessoas passarem a vida no vermelho. Nossa! Haja stress. Os brasileiros precisam conhecer a força do dízimo (que vem desde a época do matemático Pitágoras), ou seja: a força de guardar 10% de tudo o que ganham, mesmo que estejam com dívidas. É um erro fugir do credor. Se você estiver endividada, pare tudo e negocie essa dívida, pare de dar uma de avestruz e fingir que não é com você. Quanto mais você foge, mais o buraco vira uma bola de neve. E, se sua relação com o dinheiro estiver muito ruim, faça-se essa pergunta: quem eu preciso muito perdoar? Ficou chocada? Pois, saiba que o ressentimento pode ser uma grande fonte de auto-sabotagem. Pense nessa pessoa que já foi tão importante na sua vida e pratique o perdão. Pode estar em pensamento mesmo. Sim, eu sei que pode ser uma experiência dolorida, mas pior que isso é viver sempre na insegurança e na frustração de não ter nenhum dinheiro guardado.”

“Só atraio homens errados”

ANTÍDOTO: “Também é uma das queixas que mais ouço entre as mulheres. É mesmo muito fácil botar a culpa nos outros ou no destino. Mas veja: é fundamental lembrar que semelhante atrai semelhante. É muito duro de aceitar, mas é a mais pura verdade. E eu estou aqui para falar as verdades, certo? A água da torneira vai para o esgoto e acaba voltando para o mar. Se você está com raiva, vai atrair homens raivosos. Se é uma pessoa insegura, vai atrair inseguros. Caso tenha baixa auto-estima vai atrair homens que se acham uma droga e, é claro, isso vai influenciar a relação. Se pula muro durante o namoro, depois não reclame se descobrir que o seu parceiro também pula. Egocêntrica? Certamente vai atrair um narcisista. Então, tente ser o que você quer no outro. Melhore-se a cada dia. Reveja seus valores, suas atitudes. Lembre-se: gente amorosa atrai amor. Comece de onde você está. Não fique lamentando se era assim ou assado. O que passou, passou…”

“Depois de uma coisa boa sempre vem uma ruim”

ANTÍDOTO: “Se você gosta de mar, já deve ter observado que a onda vem e o surfista cai, a onda vem e ele cai de novo e assim sucessivamente… Mas isso não o abala nem um pouco, ele simplesmente monta na prancha e continua a sua jornada. Aqui é o planeta Terra, não o paraíso. Viver bem e feliz não é – não ter problemas – e sim aprender a resolvê-los, sem fazer disso uma tempestade em copo d’água. A própria natureza tem seus ciclos: primavera-inverno. É preciso parar com essa mania de temer a adversidade. Antigamente dizia-se: mar manso não faz bom marinheiro! Uma amiga um dia disse que felicidade para ela é rir quando está na pior. Imagine quando ela está bem, então! Pare de se auto-sabotar querendo que as coisas boas acabem logo com medo das ruins. Assim você nunca vive o que é bom. E isso é mesmo uma pena. Viva o aqui e agora. Atenção ao presente!”

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